Tópico 1 - Métodos de investigação científica - QUALITATIVO

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Pedagogia Note on Tópico 1 - Métodos de investigação científica - QUALITATIVO , created by sandra ferreira on 17/04/2018.
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​​​​​​​Breve histórico Segundo os autores Denzin & Lincoln (2006) podemos relacionar o histórico do método qualitativo do seguinte modo: Surge de necessidades investigativas da sociologia e da antropologia; Entre as décadas de 1920 e 1930; Propunha atender necessidades investigativas que previam estudos dos grupos humanos; Uma de suas premissas é o de entender o outro. Augusto, Souza, Dellagnelo & Cario (2013) indicam que, mesmo com os primeiros debates ocorrendo nas décadas de 1920-1930, o método qualitativo só se consolidou na década de 1970 quando se contrapôs à perspetiva positivista, que valorizava o método quantitativo, para avaliar e estudar os fenômenos sociais em detrimento de análises da subjetividade individual. O método qualitativo nasce nas CSH nas primeiras décadas do século XX, visando atender investigações que buscavam o entendimento dos grupos sociais, por meio da individualização das análises realizadas. Sua consolidação ocorre algumas décadas depois nos anos de 1970, com o intuito de se contrapor aos aspectos positivistas de análise social e comportamental. O método qualitativo busca entender o outro, dentro de sua cultura e particularidades. Atualmente uma investigação que utiliza um método qualitativo é amplamente aceite e utilizada pela educação, a história, a medicina, a assistência social e outras áreas do conhecimento.

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​​​​​​​Características O método qualitativo refere-se a uma investigação interpretativa e descritiva, pois: o investigador faz uma interpretação dos dados; descreve os participantes e os locais; analisa os dados para configurar temas ou categorias, de onde retira conclusões. Dentre as diversas características da investigação com método qualitativo, uma das que mais se destaca é a movimentação física do investigador para a coleta de dados[1], que lhe permite enriquece-los com o maior número de detalhes possíveis. Esta ação confere ao estudo qualitativo características naturalistas, pois os dados são recolhidos por um ser humano, cujos valores e reflexões vão estar quase que implícitos (Bogdan & Biklen, 1994).   [1] Deslocar-se até a fonte de dados, seja por motivo de realização de entrevistas ou observações.

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Coleta de dados: entrevista A entrevista é segundo Amado (2013) “o mais poderoso instrumento para se chegar ao entendimento dos seres humanos”. Dessa maneira, o entrevistador assume claramente um propósito, que pressupõe uma interação entre ele e o entrevistado. Tal poder é dado a este instrumento de coleta de dados na investigação qualitativa, ao ponto de permitir recolher informação, que não poderia ser obtida de outra maneira, pois características como a linguagem do entrevistado, oferece ao investigador alguma margem de manobra, para que intuitivamente, se crie uma ideia sobre a forma como este interpreta o mundo. Em relação ao grau de liberdade da entrevista, esta pode configurar-se como: Estruturada – há um roteiro fixo de perguntas/temas, que devem ser respondidas sem adaptações do investigador;  Não estruturada – não há um roteiro fixo a ser seguido, o investigador pode adaptar o modo de realizar as perguntas de acordo com a situação; Semiestruturada – Há temas e perguntas a serem seguidos, porém não são fixos. Para saber um pouco mais sobre esta técnica de inquirição consultar Ghiglione e Matalon (2001), entre outros autores. Temos ainda que considerar as entrevistas de grupo também designadas de Focus-group. Aqui pode obter um pouco mais de informação sobre esta técnica: http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rleducacao/article/view/4703 ​​​​​​​Coleta de dados: observações Um outro modo de coleta de dados é a observação, onde o investigador prontifica-se a saber observar, todavia, sua observação deve ser isenta de qualquer juízo de valor ou hipóteses explicativas, mas sim, relatar fielmente a realidade dos dados observados. As observações podem ser: Não estruturadas - o investigador recolhe e regista fatos da realidade sem utilizar meios técnicos especiais;  Estruturada: o observador sabe o que procura e o que considera importante, para tal utiliza instrumentos técnicos específicos para a recolha de dados ou dos fenômenos a observar. Ex.: gravações de áudio, vídeo e grelhas de observação. Para saber um pouco mais sobres esta técnica de recolha de dados consultar: https://www.fnac.pt/Teoria-e-Pratica-de-Observacao-de-Classes-Albano-Estrela/a8133?gclid=Cj0KCQjw5LbWBRDCARIsALAbcOfC7HMRTtUSuC2gcCoKVWjAGeYPcsPz145Ij4c7ixutaspKYYzyIkIaAuHuEALw_wcB   ​​​​​​​Instrumentos de coleta de dados Existem diversos instrumentos de recolha de dados, dentre eles se destacam: Diário do investigador - trata-se das anotações das observações do investigador, onde podem constar reflexões, interpretações, formulação de hipóteses...; Portfólio - trata-se de uma coleção de trabalhos recolhidos, que se relacionam com os objetivos investigativos em questão; Checklists - é uma lista de verificação, que pode conter escalas de avaliação, como por exemplo medições de frequências ou ausência destas; Análise Documental – é centrada na consolidação de informações e na presença de grandes documentos. Ficha de leitura - é relevante porque envolve a revisão de literatura, que fundamenta toda a investigação.

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​​​​​​​Forma de tratamento e análise de dados: análise de conteúdo Apesar de não ser o único meio de tratamento e análise dos dados recolhidos por meio das técnicas do método qualitativo, optou-se por apresentar a análise de conteúdo e suas características, por ser considerada a técnica que melhor representa os estudos científicos do método qualitativo. Para Bardin (2004), a análise de conteúdo diferencia-se da análise linguística e da análise documental. Da primeira por se tratar de um estudo da língua e da segunda por possuir de entre as suas características a condensação da informação. Esta técnica aplica-se preferencialmente a textos escritos (resultantes de documentos já existentes, de protocolos de entrevistas que foram transcritas, de observações feitas pelo investigador, etc.) mas também a imagens (fixas e em movimento, por exemplo, fotografias e vídeos). Vamos dar um exemplo prático, para que exista uma melhor compreensão. Um investigador realizou três entrevistas sobre “Biografias de professores” e obteve autorização para a sua gravação em áudio. Em seguida converteu o áudio em texto por meio de transcrição e agora deve seguir algumas etapas para tratar e analisar o conteúdo dos protocolos obtidos (o documento transcrito de cada entrevista). Como as entrevistas foram realizadas segundo um modelo semiestruturado, quer dizer, que o investigador seguiu um guião com grandes blocos temáticos ou categorias, a partir dos quais emergiam as perguntas, a análise de conteúdo a realizar será mista, quer dizer, o investigador deve usar estes grandes blocos temáticos como categorias de análise construídas a priori que, durante a análise podem ser refeitas ou renomeadas e até subdivididas em subcategorias. Tendo em mente que se trata de uma investigação científica e que, portanto, deve garantir validade e fiabilidade dos dados obtidos, pela técnica de análise de conteúdo, seguiu as seguintes etapas: Segmentou os protocolos em unidades de sentido, designadas de Unidades de Registo (UR) – geralmente frases com sentido ditas pelos entrevistados, que tratam de um mesmo tema ou assunto; Tendo anotado todas UR de forma exaustiva e clara, pode categoriza-las, quer dizer, integrar as várias UR sobre um mesmo assunto proferidas pelos três entrevistados numa categoria que as unifique e lhes dê um sentido; As categorias e subcategorias elencadas podem receber uma codificação para facilitar a sua quantificação (nem sempre é necessário quantificar quando se faz análise de conteúdo); De posse dos quantitativos de cada categoria e subcategoria   é possível elencar aquelas que mais se repetiram no texto, fazendo uma leitura de frequências; Para validar a categorização realizada  faz-se um teste de fiabilidade, através do processo de intercodificadores (ou interjuízes), i.e., com a mesmo excerto de uma entrevista e, por exemplo, na posse das várias categorias e subcategorias feitas inicialmente pelo investigador, um outro investigador terá que segmentar o texto nas UR e integrar essas UR nas categorias e subcategorias fornecidas pelo primeiro investigador; depois podem usar-se vários índices para verificar a fiabilidade do acordo entre dois ou mais intercodificadores independentes. Consultar este artigo para saber quando e como aplicar estes índices: Aplicação de indices Procedendo deste modo, o investigador pode desenvolver a análise que pretendia tendo em conta atingir os objetivos da sua investigação, quer dizer, obter o conteúdo dos dados com maior significado para os entrevistados, tendo como referência o quadro teórico-metodológico escolhido que era o método biográfico, neste caso aplicado a “Biografias de Professores” e validar sua pesquisa.   Destaca-se que o esquema apresentado representa um modo simplificado do tratamento de dados a ser realizado na análise de conteúdo e refere-se apenas a uma das técnicas, a proposta por Bardin, pois existem outros modos de fazer análise de conteúdo

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