No Brasil, o processo acelerado de urbanização correspondeu ao período de intensa industrialização
do pós-Segunda Guerra, com a formação de um mercado interno integrado, principalmente da
Região Sudeste do país.
Entre 1965 e 2000, o crescimento da população urbana ultrapassou largamente o
crescimento médio da população total, enquanto o crescimento da população rural ficou muito
abaixo desse crescimento médio
Nos países que pertencem a OCDE, por exemplo, a densidade demográfica superior a 150 hab./km2 é
adotada como parâmetro para que uma localidade seja considerada urbana
Por outro lado, a maior parte dos países desenvolvidos adota critérios funcionais para separar o
urbano do rural. Assim, uma cidade só é definida como tal se possuir determinadas infraestruturas e
equipamentos coletivos - como escolas, postos de saúde, estabelecimentos comerciais e agências
bancárias -e funcionar como um polo de distribuição de bens e serviços.
O Brasil não adota critérios funcionais
é considerada urbana toda a população residente nas sedes do municipio ou de distrito e nas
demais áreas definidas como urbanas pelas legislações municipais
O êxodo rural
O processo de urbanização brasileiro apolou-se essencialmente
no êxodo rural. associado a dois condicionantes que se
interligam:
repulsão da força de trabalho do campo
atraçao dessa força de trabalho para as cidades
A modernização técnica do trabalho rural, com a substituição
do ser humano pela máquina, é uma das causas da repulsão.
os migrantes dirigem-se às cidades em busca de empregos e salários na construção civil, no
comércio ou nos serviços. O mercado urbano diversificado permite o aparecimento do trabalho
informal, sem vinculo empregaticio. Alem disso. as cidades dispõem de serviços públicos de
assistência social e hospitalar. mesmo que precários. Para as populações expulsas do campo, a
cidade não é um sonho dourado: e uma promessa de sobrevivência.
Urbanização e desigualdades regionais
O processo de urbanização se manifesta em todo o pais. Contudo. do ponto de vista regional, registram-se
fortes diferenças no ritmo da transferência da população do meio rural para o meio urbano. As
desigualdades no ritmo da urbanização refletem as disparidades econômicas regionais e a inserção
diferenciada de cada região na economia nacional.
No Sudeste, a população urbana ultrapassou a rural na década de 1950, sendo que a fase de urbanização
acelerada encerrou-se há duas décadas. A elevada participação da população urbana no conjunto da
população regional expressa um estágio avançado de modernização econômica, com profunda transformação
da economia rural e subordinação da agropecuária à indústria
A Região Sul, pelo contrario, conheceu urbanização lenta e limitada até o início
da década de 1970. A estrutura agrária, baseada na propriedade familiar,
restringia a transferência da população para o meio urbano.
Nordeste, a trajetória da urbanização permaneceu relativamente lenta. A estrutura agrária assentada sobre
minifúndios familiares, na faixa do Agreste, contribuiu para reter a força de trabalho no campo e controlar o
ritmo do êxodo rural. Além disso, o insuficiente desenvolvimento do mercado regional reduziu a atração
exercida pelas cidades.
A Região Norte era a segunda mais urbanizada do país há algumas décadas, tendo se transformado na menos
urbanizada na década de 1980. A elevada participação da população urbana, até o final da década de 1 960,
refletia a reduzida população total da região, bastante concentrada nas cidades de Belém e Manaus.
A rede urbana brasileira
O espaço geográfico abrange as redes formadas pelos complexos sistemas de fluxos de pessoas, bens, serviços,
capitais e informações que caracterizam a sociedade contemporânea. Nas redes urbanas, as cidades
desempenham a função de nós, ou vértices, desses sistemas de fluxos.
De acordo com o estudo Regiões de Influência das cidades 2007, publicado pelo IBGE, a rede urbana brasileira
compõe-se de 802 cidades que funcionam como centros de comandos do território,
. Centros de zona: cidades de menor porte, com a atuação restrita a sua área imediata.
. Centros sub-regionais: sediam atividades de estão relativamente pouco complexas.
. Capitais regionais: têm área de influência de âmbito regional e são referidas como destino para um grande número de atividades.
Metrópoles: são os 12 principais centros urbanos do país, cuja influência se estende por vastas áreas do
território nacional. Entre elas, destacam-se São Paulo Grande Metrópole Nacional , Rio de Janeiro e
Brasilia Metrópoles Nacionais.
Manaus, Belém, fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre estão
classificadas como metrópoles, constituindo-se em um segundo nível de gestão territorial.
Os espaços metropolitanos
O processo de urbanização brasileiro foi essencialmente concentrador. Em 1950, o Brasil tinha três cidades de
grande porte: apenas Rio de Janeiro, São Paulo e Recife abrigavam mais de 500 mil habitantes.
Em 2000, nada menos que 30 aglomerações urbanas já tinham ultrapassado a marca de meio milhão de
habitantes. Cerca de 57 milhões de pessoas habitavam essas grandes cidades. Em 1950, existiam 35 cidades de
porte médio, no intervalo de 100 mil a 500 mil habitantes; em 2000, já eram mais de 190
Recentemente, contudo, o crescimento vegetativo das grandes cidades diminuiu, o ritmo das migrações
inter-regionais reduziu-se sensivelmente, o padrão do êxodo rural modificou-se e o poder de atração das
cidades médias tornou-se maior que o das metrópoles.
As regiões metropolitanas
O fenômeno da conurbação impulsionou a metropolização. A expansão econômica das metrópoles produziu,
ao mesmo tempo, crescimento demográfico do núcleo urbano central e dos núcleos situados no seu entorno.
Os processos de metropolização e conurbação geraram um
descompasso entre os limites municipais e a mancha urbanizada.
A Grande São Paulo sintetiza a dimensão dos desafios de planejamento metropolitano. Nos seus 39
municípios, abriga quase 18 milhões de habitantes, ou cerca de 10%da população nacional e perto de um
quarto da população total das regiões metropolitanas brasileiras. O lixo coletado diariamente está em torno
de 16 mil toneladas, o número de veiculos supera 6 milhões ocorrem cerca de 11.5 milhões de viagens/dia em
transportes coletivos. Aproximadamente um milhão de pessoas moram em favelas.