O que sustenta a convivência na Diferença?

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Resumo sobre o que são e como atuam os Centros de Convivência (CECO), um serviço do SUS ligado à Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). O texto não é de minha autoria, sendo originalmente escrito por Gal Soares De Sordi e Juliana Maria Padovan Aleixo, eu apenas o coloquei como mapa mental. O material completo pode ser encontrado em: https://www.comciencia.br/o-que-sustenta-a-convivencia-na-diferenca-reflexoes-dos-centros-de-convivencia-da-saude-a-partir-de-suas-vivencias-hibridas/
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O que sustenta a convivência na Diferença?

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  1. Reflexoões dos Centros de Convivência da Saúde a partir de suas vivências híbridas

    Annotations:

    • Por Gal Soares De Sordi e Juliana Maria Padovan Aleixo
    • 11 de fevereiro de 2020
    • DE SORDI, Gal Soares; ALEIXO, Juliana Maria. O quê sustenta a diferença na convivência?. Comciência: Dossiê Saúde Mental, 2020. Dossihttp://www.comciencia.br/o-que-sustenta-a-convivencia-na-diferenca-reflexoesdos-centros-de-convivencia-da-saude-a-partir-de-suas-vivencias-hibridas/. Acesso em 17 de maio de 2022.
    1. Centros de Convivência da saúde (CECO)
      1. são dispositivos que se apresentam estrutural e simbolicamente de portas abertas para os encontros na diversidade humana, na desafiadora e complexa ação de conviver, e têm em sua constituição os ideários da Reforma Psiquiátrica Brasileira e do Movimento Antimanicomial.
        1. É um serviço externo aos hospitais psiquiátricos
          1. São espaços de circulação, inclusão, socialização e promoção de encontros entre os usuários da saúde mental e a população/comunidade geral
          2. A nomenclatura foi designada ainda no interior do Hospital Psiquiátrico do Juqueri, ao se iniciarem as primeiras experiências de circulação dos usuários em atividades diversas, num espaço criado para socialização.
            1. Há relatos também de espaços similares, com a mesma nomenclatura, na Casa de Saúde Anchieta, em Santos
            2. As primeiras experiências nasceram no município de São Paulo, no final na década de 80, a partir de uma abertura no cenário político, no governo de Luiza Erundina.
              1. Trata-se de um equipamento idealizado a partir das diretrizes do SUS e Atenção Psicossocial
                1. Em 2011, os Cecos foram contemplados na política de saúde mental, através da Portaria Ministerial n. 3088, em 23 de dezembro de 2011, que oficializa a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e localiza esses equipamentos no eixo da Atenção Básica e definindo-os como: "Unidade pública articulada às Redes de Atenção à Saúde, em especial à Rede de Atenção Psicossocial..."
                  1. "...Os Centros de Convivência são estratégicos para a inclusão social das pessoas com transtornos mentais e pessoas que fazem uso de crack, álcool e outras drogas, por meio da construção de espaços de convívio e sustentação das diferenças na comunidade e em variados espaços da cidade (BRASIL, 2011)."
                    1. No entanto, ainda não há uma regulamentação ministerial específica para os Cecos, situação que fragiliza esses serviços colocando-os à margem dos investimentos
                      1. Atualmente, há uma grande mobilização dos Cecos em Campinas, São Paulo, Embú das Artes e Belo Horizonte, no sentido de agregar parcerias e construir diretrizes que possam embasar portarias, parcerias intersetoriais e maior envolvimento de atores políticos
                  2. Tem como foco a produção de encontros e convivência, através de oficinas, grupos e ações comunitárias, alinhado com a ideia de promoção à saúde.
                    1. o trabalho das oficinas tinha, como finalidade, inserir os pacientes no circuito social (GALLETTI, 2004, p. 51).
                      1. O maior objetivo do CECO é produzir, mediar e investir em formas possíveis de encontros e convivência com a diversidade, buscando inclusão, cuidado, pertencimento, grupalidade e descoberta de outras formas possíveis de expressão da vida.
                        1. Pensando a inclusão aqui enquanto conexão, enquanto fabricação de redes sociais.
                          1. Os Cecos têm fabricado novos modos de sociabilidade, ou formas de sociabilidade alternativa, da qual todos nós estamos excluídos, na medida em que todos nós somos privados pelo projeto neoliberal de sociedade de viver um modo de convivência que valorize a ação coletiva (FERIGATO, 2013, p.101).
                      2. utiliza-se de espaços de produção, desenvolvendo oficinas de artes, esportes, artesanato, autocuidado, práticas integrativas, dança, teatro
                        1. com objetivo de desenvolver potencialidades, intersubjetividades, trocas, aprendizados, experimentação e construção de um campo diversificado na produção de encontros.
                  3. Produções híbridas: arte, cultura e clínica
                    1. práticas integrativas, práticas de lazer, nos deparamos frequentemente com experimentações estéticas que se expandem do campo da saúde, arte e cultura tradicionais.
                      1. Práticas que atravessam a fronteira que delimita esses campos e se conectam, agenciando-se hibridamente, num novo campo de difícil nomeação, no qual a arte se encontra com essas pessoas-margem que acessam o território do Centro de Convivência.
                        1. proliferam-se momentos estéticos, em que subjetividades em obra podem construir-se a si mesmas, configurando e dando forma ao caos e às rupturas de sentido que, muitas vezes as habitam (LIMA, 2006).
                          1. Ali são acolhidas pessoas, que passam por experiências-limite, rejeitadas em alguma medida pelos campos instituídos da arte, da cultura, da saúde.
                            1. buscamos proporcionar experiências de criação
                              1. essas experiências acontecem sobre uma linha tênue, na qual acontecem fragmentos estéticos ou performances que não podem ser reproduzidos, mas que têm a capacidade de fortalecer vínculos, instaurar grupalidades, transformar vidas.
                                1. uma região fronteiriça na qual arte, cultura e clínica estão implicadas em suas conexões, em suas dissonâncias, gerando um espaço de tensões que provoca desestabilização entre os campos.
                                  1. Vemos como desafio não reduzir essas produções a nenhum dos campos tradicionais, procurando encaixá-lo mas manter aberta a tensão que essas produções instauram entre elas.
                                    1. Vivenciar o incerto, o inacabado, o transitório, o efêmero, que comporte as desterritorializações e os desequilíbrios dos sujeitos dos quais se conecta.
                          2. Ao se articularem aos modos de expressão dominantes, modos de expressão dissidentes atravessaram a linha divisória que os separavam da produção cultural, ganhando cidadania cultural [...] e certo poder nas reais relações de forças (LIMA, 2006, p. 326).
                            1. O trabalho no Centro de Convivência se compõe em dimensões que borram as fronteiras tradicionais da saúde e leva a pensá-la enquanto aumento de potência de vida, conectando-se, assim, ao campo das artes, da cultura, da educação, das práticas integrativas
                            2. “Meu nome é Maria. Soube daqui pelo SOS Mulher. Estou desempregada e preciso fazer alguma coisa. Alguma coisa por mim. Alguma coisa que me afaste de tanto sofrimento”
                            3. O sustentar da convivência
                              1. Os Cecos estão abertos a todas as pessoas que desejam participar seja qual for a sua situação de vida
                                1. é colocar a todos os envolvidos experiências dentro da imprevisibilidade das relações humanas capazes de abrir pensamentos e emoções – desejáveis e indesejáveis, boas e ruins
                                  1. a trama da convivência é complexa e permeada por problemas que empurram os sujeitos a terem que se reposicionar, negociar, dialogar, para continuarem convivendo.
                                    1. á nos serviços marcados pela lógica manicomial, a convivência passaria necessariamente por uma normatização a partir de um ideal de regras e valores gravados a ferro e fogo pela equipe técnica
                                      1. os Cecos são lugares abertos a problemas e desafios que a convivência provoca e que eles pertencem a todos os envolvidos,
                                      2. Os monitores dos grupos são referências técnicas para a tarefa (bordado, escultura, futebol), mas sua verdadeira função é manter o convívio na lógica da mesa redonda.
                                        1. Lógica da mesa redonda: todo o conhecimento e o poder são igualitários. As convivências promovem essa troca de sabedorias, sobre as atividades e sobre a vida levando em consideração o modo de cada um se tecer no coletivo.
                                          1. A lógica da “mesa redonda”, da roda, ou do partilhar da gestão dos processos por todos envolvidos, exige dos trabalhadores a percepção de si enquanto mediadores de processo, mesmo quando convocados pelo próprio grupo, perante situações angustiantes, a intervirem autoritariamente
                                            1. com frases: “decida você como deve ser”, ou ainda, “você não devia mais deixar essa pessoa vir aqui”
                                              1. Em situações de comflito, o facilitador do grupo deve manter o caráter de diálogo, mesmo entre a própria equipe do Ceco.
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